História

O casarão de arquitetura colonial do século XIX é um prédio construído em 1862 pelos escravos como casa sede da Fazenda Boa Esperança, e posteriormente, como galpão de armazenagem e parada de tropeiros. Com a construção da casa nova da fazenda, seu proprietário, o saudoso educador Dr. José Januário Carneiro - O Dr. Fécas, inaugura no dia 24 de agosto do ano de 1905, o Ginásio São José, um marco educacional de Minas Gerais. 


Inicialmente criado para funcionar como uma Escola de Agricultura, mas questões politicas da época, impediram a realização do projeto. Em 1905, o espaço começou a funcionar recebendo alunos de diversas regiões, em regime de internato. Naquela época, existiam apenas 6 instituições de ensino em todo o Estado e o Ginásio só aceitava matrícula de meninos. Os que não podiam pagar a mensalidade tinham o estudo em troca da prestação de serviços. O Ginásio São José funcionou até a 1964. Dentre seus alunos está o cantor e compositor mineiro, Ary Barroso.

sala de aula original
Após o fechamento, os 15 cômodos do prédio do Ginásio passaram a ser utilizados pela Fundação Antônio  Carlos, de Barbacena. Na década de 70 abrigou a Delegacia Regional de Ensino (DRE) e depois ficou totalmente ocioso.

Em 1993 a filha do fundador, Altair Paixão Carneiro e Adjalme Martins Filho, ex-aluno, com a ajuda de voluntários, inclusive ex-alunos do Ginásio, criaram o Movimento Cultural São José, que deu inicio à busca de recursos para recuperação do Ginásio. Assim, no ano de 1997 o prédio foi tombado como patrimônio cultural e arquitetônico pelo decreto municipal 3.701 de 05 de novembro de 1997. No ano de 1999 o prédio tombado foi totalmente restaurado, com acompanhamento do IEPHA, representado pelo arquiteto Maurílio de Freitas e historiadores, que chegaram ao local através da neta do fundador, Moema de Sousa Carneiro. A restauração foi patrocinada pela Telemig, como iniciativa do então presidente, Dr. Saulo Coelho (através da Lei Rouanet). Em 2001, o Ginásio passa a funcionar como Centro Cultural da cidade de Ubá, mantendo oficina de artes e visitas guidas, por meio de leis de incentivo à cultura. Em 2002, ainda a pedido do Dr. Saulo Coelho, a Telemar constrói também o Anfiteatro do Centro Cultural, com apoio de seu presidente Ivan Ribeiro.

O primeiro patrocinador a assinar convênio com o Centro Cultural foi a Cia Força e Luz de Cataguases,a través de iniciativa de Antônio J. Paixão Carneiro, filho do fundador. O convênio teve duração até o ano de 2005. A partir de 2007, Moema de Sousa Carneiro, filha de Palmyos da Paixão Carneiro (filho mais velho do segundo matrimônio do fundador) torna-se responsável pela elaboração e gestão de projetos financiados por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, destinados à criação de Oficinas de Arte. Em 2009, já como gestora cultural do Ginásio foi aprovado o projeto que transforma o Centro Cultural em Ponto de Cultura, com o objetivo de dar continuidade às oficinas de arte e equipar as instalações do Ginásio São José. Devido a questões externas, o Ponto de Cultura começou a funcionar efetivamente em fevereiro de 2011 e continua até o ano de 2014. No ano corrente, de 2012, a gestora cultural consegue a aprovação do projeto de Modernização de Museus, junto ao IBRAM, com a finalidade de preservar o rico acervo da Instituição.



Sobre o Fundador

José Januário Carneiro nasceu em Ponte Nova em 1858. Era o segundo filho do 4° matrimônio de Francisco de Paula Januário Carneiro (Major Carneiro) e de Maria de Jesus Castro. Em 1876 entrou no Seminário de Mariana, onde cursou Humanidades e Filosofia. Casou-se em 1° núpcias com Emília Adelaide e em 2° núpcias com Adalgiza Leal Paixão.

Em Ouro Preto/MG, depois de diplomado Engenheiro Civil e de Minas, lecionou na Escola de Minas álgebra e geometria durante 36 anos. Após a Proclamação da República foi Intendente da Câmara Municipal de Ouro Preto. Tinha 41 anos quando assumiu a direção do Colégio Mineiro de Ouro Preto, onde permaneceu 18 anos sem sacrificar o exercício de seu cargo na Escola de Minas.

Fundou o Ginásio São José em 1905, tendo sido seu diretor proprietário até falecer. Carinhosamente chamado pelos alunos como "Mr. Chips Brasileiro", viu passar pelas suas mãos muito jovens, que atualmente ocupam importantes cargos no país. Católico convicto fundou também uma Capela no Ginásio, doando à Biblioteca local 22 livros religiosos. Faleceu em 9 de junho de 1943 em Ubá, onde foi enterrado.

Continuadores da obra

Prof. Dr. Newton Carneiro

Nasceu em Ouro Preto, a 28 de setembro de 1894, filho de Dr. José Januário Carneiro e D. Emília Adelaide  Pereira Carneiro. Foi um dos primeiros alunos do Ginásio São José, tendo concluído nesta instituição o curso em Humanidades. Já trabalhando como professor no mesmo educandário paterno, bacharelou-se em 1918 na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, mais tarde incorporada à Universidade do Rio de Janeiro. 

Estreitamente ligado aos ideais de educação em que se formou, nunca exerceu a advocacia, entregando-se total e exclusivamente ao ensino de Francês e Inglês, e assumindo a direção do Ginásio São José, sem nunca tirar férias, logo após a morte de seu pai. Sua luta para manter o Ginásio em funcionamento foi intensa e dedicada, pois o mesmo se localizava numa região em que as condições finaceiras da população exigiam que o ensino fosse gratuito à maioria dos jovens, ávidos por conhecimento. 

Publicou o livro "Crônicas de Ubá", com histórias sobre a pequena cidade mineira. Faleceu em 1971, no Ginásio São José.

Altair da Paixão Carneiro 

Filha do segundo matrimônio do Dr. José Januário Carneiro com D. Adalgiza da Paixão Carneiro foi a principal responsável por manter viva a memória do Ginásio São José e a conservação do prédio histórico e de seu acervo. Com coragem e dedicação lutou pela sobrevivência do espaço do educandário, com a ajuda do Movimento Cultural e de alguns familiares.

Dona Altair está à frente do Movimento Cultural São José, como presidente da instituição, desde a sua fundação. Além disso é pianista e frequentemente oferece concertos, com músicos da região, no Centro Cultural Ginásio São José. 

Lúcia da Paixão Carneiro

Filha do segundo matrimônio do Dr. José Januário Carneiro com D. Adalgiza da Paixão Carneiro, Dona Lúcia é, ainda hoje, a mais importante mantenedora do Ginásio nas horas difíceis. Também é responsável por manter viva a memória do Ginásio São José, sempre preocupada em mantê-lo em boas condições de uso. Atualmente está à frente na luta pela criação de uma Fundação, com o intuito de dar maior credibilidade e segurança ao Ginásio e a todos que lutam por ele. 


4 comentários:

  1. Belíssima história e digna dos mais altos encômios.

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  2. Quero pedir que faça uma correção. O ex-aluno, Adjalme Martins Filho, não é somente ex-aluno, e sim neto, com nome completo de Adjalme Martins Carneiro Filho. Filho de Targina Martins Carneiro, filha do primeiro matrimônio do Dr. Fecas. Obrigada!

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  3. Como eu faço para ir visitar o local, o que e preciso

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  4. Diretora Moema Carneiro: Gostaria de saber mais sobre Dr. Newton Carneiro, para constar do livro dos 40 Patronos das cadeiras da Academia Ubaense de Letras, ora por ir ao prelo. Muito obrigado. Antonio Carlos Estevam, 1º secretário da AULE academiaubaensedeletras@gmail.com

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